Os meus últimos seis meses foram muito sentidos. Tudo aconteceu intensamente. As nossas vidas mudaram ou, pelo menos, mudou a forma como pensávamos que era certo. Já não é má educação não cumprimentar de beijinho e não terminar uma conversa pessoalmente com um abraço. As nossas casas passaram a ser santuários e sair em convívios sociais quase a ser equivalente a blasfémia.
Senti falta daquilo que não me fazia falta antes. Da confusão nas ruas, do barulho do trânsito, de ir às compras sem restrições e sem estar aflita porque tem gente à espera que eu termine. O que desabafo é comum a muitos e, infelizmente, a situação foi e é pior para outros.
Aborreci-me com aqueles que mais amo, simplesmente porque estávamos há muito tempo juntos (dias e dias sem descanso um do outro)... Mas, no início da quarentena e perante uma situação menos boa em termos de trabalho e emocional, tenho uma surpresa que revirou a minha vida e o meu mundo. Fiquei grávida!
Passei por enjoos e vómitos, dores de cabeça e oscilações de humor que me fizeram ter a certeza de que estou casada com uma espécie de santo. Estou com uma barriguinha linda 😍 é linda porque tem o meu menino e é linda porque nunca imaginei ser capaz de criar um bebé saudável e de me sentir capaz de virar o mundo ao contrário por alguém que ainda não vi. Meninas que julgam ser balelas o que as mães dizem ser "amor de mãe"... Não é! É mesmo verdade! Eu tenho que lutar pelo meu bebé e garantir que nada o magoará nunca (ninguém me disse isso, eu sinto-o todos os dias, mesmo quando o bebé não me deixa dormir ou quando já não consigo vestir as calças sem esforço ou quando olho para os meus pés e estes desapareceram. Os "desgraçados" tornaram-se em achas de madeira com uns pequenos pontos pintados de verniz na ponta!). Acima de tudo, a gravidez trouxe-me felicidade, trouxe-me alento e maturidade, que julgava perdidos alguns dias antes da feliz notícia do meu bebé ❤️
E quanto à alimentação? Um bico de obra!! Não é fácil gerir o que comemos quando a fome é tanta... Não sei se somos todas assim, mas tenho sofrido um pouco para evitar comer a quantidade que me apetece. E as escolhas alimentares!?! Os desejos que existem, normalmente, são apenas gula e algum descontrolo hormonal. Por experiência própria, garanto que nunca tive desejo de comer sopa de couve com batata ou de comer curgete assada.
Partilho o desejo mais esquisito que tive e que se transformou na refeição que mais satisfação me deu numa altura em que padecia de enjoos todos os dias: sardinha enlatada com batata cozida e alface, temperado com azeite e vinagre. Nunca gostei de sardinha e nunca sequer comprei uma embalagem de sardinha desde que me tornei uma mulher forte e independente, entenda-se, desde que saí de casa para estudar e trabalhar 😜
Já aumentei mais do que desejava, mas estou num peso saudável para o meu tempo de gestação e é isso que interessa!
A próxima publicação será sobre estratégias para conseguir comer corretamente, controlando a fome na gravidez e evitando aumento de peso exagerado.
A vida acontece e sabe muito mais sobre nós do que julgamos. É verdade, estou muito dramática... 🤦
Beijoca laroca 😘
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