Fui mãe há relativamente pouco tempo e foi e continua a ser uma experiência extraordinária. Conheci um amor completamente absorvente, chega a ser pecado, valha-me Deus! E conheci a exaustão ao extremo. Desde todo o processo da gravidez até ao trabalho de parto, que terminou numa cesariana para solucionar algumas complicações que surgiram, é tudo de um caráter animalesco. Os cheiros, o sangue, as dores brutais, o desenvolvimento de sentimentos protetores ao extremo e do conhecimento de que somos capazes de multiplicar o amor, mesmo que seja em formas diferentes, sentido de formas diferentes.
Com tanto viver e sofrer (gente, o sofrimento anda de braços dados com a nossa existência!), a saúde da mãe pode sofrer muito e ninguém o refere. Tudo se concentra, e bem, no bebé mas a mãe continua ali, a ser extremamente necessária e a sofrer. Não se fala nisto, ninguém fala (é o papel da mãe, tenha paciência - foi o que me disseram!).
Fui mãe muito recentemente. Estou a viver uma epopeia, grandes acontecimentos seguidos de outros
acontecimentos igualmente grandes. A maternidade é maravilhosa. Ser mãe foi o melhor que me
aconteceu e não estou a escrevê-lo apenas porque é o mais correto e socialmente adequado escrever e
dizer. Como todos bem sabem, nem sempre dizemos o que pensamos, dizemos porque fica bem e muitos deveriam preferir estar calados e nem dizer nada, mas estaremos a entrar noutra área completamente distinta daquela sobre a qual escrevo. A partir do momento que o meu bebé nasceu, fui munida, pela Natureza, de uns óculos que me permitem ver e sentir a realidade e o meu mundo de outra forma.
Mudam-se as prioridades, mudam-se as vontades, mudam-se as necessidades básicas que, afinal, nem
todas eram assim tão básicas antes e eu fazia questão de serem atingidas.
E a saúde da mãe? E quando estamos sozinhas em casa com o rebento? O bebé é e será lindo sempre aos olhos da sua mãe mas, na realidade, existem muitas birras, muito choro, muito bolsar, muitos biberões para fazer e para lavar, muitas fraldas para mudar e muita roupa para lavar. E tudo na vida permanece igual.
Continuamos a necessitar de cozinhar, de limpar a casa, de lavar a nossa roupa, de dar atenção aos
restantes membros da família e o que irá sofrer será o sono da recém-mamã, a qualidade e quantidade da sua alimentação e, por vezes, até a higiene pessoal.
A alimentação da recém mamã é, muitas vezes, negligenciada, por todas as razões que acima referi. A
vida torna-se um turbilhão e perde-se a conta a que velocidade estamos a viver. A mulher puérpera, que
teve o bebé, passou um momento crítico, em termos físicos, para conseguir levar a termo a gestação de
um bebé saudável, mantendo as suas funções orgânicas estáveis, à custa de muitos ajustes e reajustes. O
parto é um ato muito cru e as mulheres podem ficar fragilizadas, física e emocionalmente. É essencial que se tenha como princípio, a manutenção de uma alimentação saudável e muito rica em vitaminas e minerais para a recém mamã, quer esta esteja a amamentar, quer não esteja. Procurem a ajuda de um nutricionista para avaliar o vosso caso individual e não se deixem ir com a “maré”, muito menos arranjar desculpas para se esquecerem de vós, quando o bebé é o ser mais frágil e necessita de uma mãe com saúde para enfrentar as maratonas de choro e de birras. Em traços gerais, a mãe puérpera deve comer muitos legumes e muita fruta, deve ter uma ingestão considerável de carne e peixe de boa qualidade, preferir os cereais integrais e beber muita água.
Este texto é escrito para que fique registado o alerta que deixo a todas as grávidas, a todas as que foram
mães à pouco tempo e a todos os que rodeiam e amam essas mulheres. É muito normal esquecerem-se
delas para, de forma altruísta e inconsciente, darem de si aos outros. Porém, elas também estão
fragilizadas e necessitam de muita atenção para não se perderem no meio de tanto transpirar amor,
hormonas e preocupação.
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