Avançar para o conteúdo principal

Artigo de Opinião #10 - A verdade crua da vida da recém mamã


Fui mãe há relativamente pouco tempo e foi e continua a ser uma experiência extraordinária. Conheci um amor completamente absorvente, chega a ser pecado, valha-me Deus!  E conheci a exaustão ao extremo. Desde todo o processo da gravidez até ao trabalho de parto, que terminou numa cesariana para solucionar algumas complicações que surgiram, é tudo de um caráter animalesco. Os cheiros, o sangue, as dores brutais, o desenvolvimento de sentimentos protetores ao extremo e do conhecimento de que somos capazes de multiplicar o amor, mesmo que seja em formas diferentes, sentido de formas diferentes. 
Com tanto viver e sofrer (gente, o sofrimento anda de braços dados com a nossa existência!), a saúde da mãe pode sofrer muito e ninguém o refere. Tudo se concentra, e bem, no bebé mas a mãe continua ali, a ser extremamente necessária e a sofrer. Não se fala nisto, ninguém fala (é o papel da mãe, tenha paciência - foi o que me disseram!).



Alerta Recém-mamã

Fui mãe muito recentemente. Estou a viver uma epopeia, grandes acontecimentos seguidos de outros
acontecimentos igualmente grandes. A maternidade é maravilhosa. Ser mãe foi o melhor que me
aconteceu e não estou a escrevê-lo apenas porque é o mais correto e socialmente adequado escrever e
dizer. Como todos bem sabem, nem sempre dizemos o que pensamos, dizemos porque fica bem e muitos deveriam preferir estar calados e nem dizer nada, mas estaremos a entrar noutra área completamente distinta daquela sobre a qual escrevo. A partir do momento que o meu bebé nasceu, fui munida, pela Natureza, de uns óculos que me permitem ver e sentir a realidade e o meu mundo de outra forma.
Mudam-se as prioridades, mudam-se as vontades, mudam-se as necessidades básicas que, afinal, nem
todas eram assim tão básicas antes e eu fazia questão de serem atingidas.
E a saúde da mãe? E quando estamos sozinhas em casa com o rebento? O bebé é e será lindo sempre aos olhos da sua mãe mas, na realidade, existem muitas birras, muito choro, muito bolsar, muitos biberões para fazer e para lavar, muitas fraldas para mudar e muita roupa para lavar. E tudo na vida permanece igual.
Continuamos a necessitar de cozinhar, de limpar a casa, de lavar a nossa roupa, de dar atenção aos
restantes membros da família e o que irá sofrer será o sono da recém-mamã, a qualidade e quantidade da sua alimentação e, por vezes, até a higiene pessoal.
A alimentação da recém mamã é, muitas vezes, negligenciada, por todas as razões que acima referi. A
vida torna-se um turbilhão e perde-se a conta a que velocidade estamos a viver. A mulher puérpera, que
teve o bebé, passou um momento crítico, em termos físicos, para conseguir levar a termo a gestação de
um bebé saudável, mantendo as suas funções orgânicas estáveis, à custa de muitos ajustes e reajustes. O
parto é um ato muito cru e as mulheres podem ficar fragilizadas, física e emocionalmente. É essencial que se tenha como princípio, a manutenção de uma alimentação saudável e muito rica em vitaminas e minerais para a recém mamã, quer esta esteja a amamentar, quer não esteja. Procurem a ajuda de um nutricionista para avaliar o vosso caso individual e não se deixem ir com a “maré”, muito menos arranjar desculpas para se esquecerem de vós, quando o bebé é o ser mais frágil e necessita de uma mãe com saúde para enfrentar as maratonas de choro e de birras. Em traços gerais, a mãe puérpera deve comer muitos legumes e muita fruta, deve ter uma ingestão considerável de carne e peixe de boa qualidade, preferir os cereais integrais e beber muita água.
Este texto é escrito para que fique registado o alerta que deixo a todas as grávidas, a todas as que foram
mães à pouco tempo e a todos os que rodeiam e amam essas mulheres. É muito normal esquecerem-se
delas para, de forma altruísta e inconsciente, darem de si aos outros. Porém, elas também estão
fragilizadas e necessitam de muita atenção para não se perderem no meio de tanto transpirar amor,
hormonas e preocupação.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Bom filho a casa torna

 "Morri..." Será que sim? Será que não? Parece que sim. Mas não. Estou bem, viva e recomendo-me assim como quem recomenda uma marca de iogurtes. Sou agradável e não faço mal nenhum, mesmo se parecer que já tive melhores dias. Mas não me peçam muito mais que não me tenho assim como uma pessoa muito fácil de se conhecer. Estou a perder-me do que interessa que é falar de "coisas" de nutrição e comidas e marmitas e legumes e retenção de líquidos e trezentas outras dúvidas que vos passam pela cabeça assim que encontram uma nutricionista. A vida tem destas coisas... Deu-me uma época tortuosa e difícil, em que deixei de saber o que fazer, em que precisei de me reencontrar porque não estava a encontrar-me de maneira alguma. Confesso que perdi um pouco da alegria que tinha em escrever para o vazio de um blog que me enchia a alma e era terapêutico, perdi a alegria em cozinhar coisas novas e diferentes e passei a ser um rato de sofá nos tempos livres, como se isso fosse resolv...

Quando a vida sabe tudo e tu sabes pouquinho

Nem sempre as coisas são como queremos ou como sonhamos. Os meus últimos seis meses foram muito sentidos. Tudo aconteceu intensamente. As nossas vidas mudaram ou, pelo menos, mudou a forma como pensávamos que era certo. Já não é má educação não cumprimentar de beijinho e não terminar uma conversa pessoalmente com um abraço. As nossas casas passaram a ser santuários e sair em convívios sociais quase a ser equivalente a blasfémia. Senti falta daquilo que não me fazia falta antes. Da confusão nas ruas, do barulho do trânsito, de ir às compras sem restrições e sem estar aflita porque tem gente à espera que eu termine. O que desabafo é comum a muitos e, infelizmente, a situação foi e é pior para outros. Aborreci-me com aqueles que mais amo, simplesmente porque estávamos há muito tempo juntos (dias e dias sem descanso um do outro)... Mas, no início da quarentena e perante uma situação menos boa em termos de trabalho e emocional, tenho uma surpresa que revirou a minha vida e o meu mundo. Fiqu...